21 dezembro 2007

Mudamos para o Wordpress...

Atenção galera!!! (como se tivesse muita gente que lê isso aqui hehe)

Agora estamos hospedados no Wordpress, segue abaixo o link para o novo endereço...

17 dezembro 2007

Soulfly - Tribe

Pra não dizerem que eu só "posto" vídeos do Megadeth :)

Ta aí outra banda que adoro... ...bons tempos...


09 dezembro 2007

Mais uma do Megadeth

Moving on is a simple thing...
...what it leaves behind is hard



A Tout Le Monde (Set me free)

Don't remember where I was
I realized life was a game
More seriously I took things
The harder the rules became
I had no idea what it'd cost
My life passed before my eyes
I found out how little I accomplished
All my plans denied

So as you read this know my friends
I'd love to stay with you all
Please smile when you think of me
My body's gone that's all

A tout le monde
A tout mes amis
Je vous aime
Je dois partir
These are the last words
I'll ever speak
And they'll set me free

If my heart was still alive
I know it would surely break
And my memories left with you
There's nothing more to say

Moving on is a simple thing
What it leaves behind is hard
You know the sleeping feel no more pain
And living, all are scarred


Pois é galera, e estão dizendo que eles estarão em terras tupiniquins ano que vem... ...me pergunta se eu vou :)

07 dezembro 2007

Estamos de volta...

Estamos de volta (bela merda hein, eu quase não "atualizo" isso aqui hehe)...

Depois de uma semaninha em Guarapari, regada a muuuuuuuita cerveja, praia e coisas do gênero hehe, estou de volta... ...depois de alguns anos longe do litoral eu tinha até esquecido a "energia" que um banho de mar nos dá. Depois eu posto umas fotos aqui...

Pois bem... ...final de semestre lá no Instituto, muitos trabalhos e provas, mas ao menos estou de férias do serviço... ...pra variar, estou sem muito tempo pra isso aqui, mas eu não podia deixar de postar esse vídeo aí embaixo, adorei (por que será??? hehe)...

Mais uma coisinha... ...em breve estarei mudando para o WordPress. Novo layout e se Deus quiser eu passo a atualizar mais essa "jossa"...

Bad day at the office...



A parte do fumante no banheiro foi ótima :)

20 outubro 2007

In My Darkest Hour...

!!! - Megadeth - !!!

Ta aí, a música de onde tirei o título deste humilde blog...
Oferecida gentilmente a uma pessoa que ADORO e que sei que ADORA Megadeth assim como eu...

Ta aí uma das bandas das quais eu não posso morrer sem ver um show antes, aliás vocês já presenciaram um show do Iron??? Eu já huhuhuhuhu, melhor show da minha vida (eu sou besta né)...



Adoro essa letra...

In my hour of need,
Ha, no, you're not there
And though I reached out for you,
Wouldn't lend a hand

Through the darkest hour,
Your grace did not shine on me
Feels so cold, very cold,
No one cares for me

Did you ever think I get lonely?
Did you ever think that I needed love?
Did you ever think, stop thinking
You're the only one that I'm thinking of?

You'll never know how hard I tried
To find my space and satisfy you too

Things will be better when I'm dead and gone
Don't try to understand, knowing you, I'm probably wrong

But, oh how I lived my life for you,
Till you'd turn away
Now, as I die for you,
My flesh still crawls as I breathe your name
All these years, thought I was wrong,
Now I know it was you
Raise you head, raise your face, your eyes,
Tell me who you think you are?

I walk, I walk alone
To the promised land
There's a better place for me
But it's far, far away

Everlasting life for me
In a perfect world
But I got to die first,
Please God send me on my way

Solo - Mustaine

Time has a way of taking time
Loneliness is not only felt be fools
Alone, I call to ease the pain,
Yearning to be held by you
Alone, so alone, I'm lost,
Consumed by the pain
The pain, the pain, the pain
Won't you hold me again
You just laughed, ha-ha, you bitch

Solo - Mustaine

My whole life is work built on the past,
The time has come when all things shall pass,
This good thing passed away

Solo - Young
Solo - Mustaine

Music - Mustaine
Lyrics - Mustaine/Ellefson

15 outubro 2007

...



"Estou pensando nos que possuem a paz de não pensar,
Na tranqüilidade dos que esqueceram a memória
E nos que fortaleceram o espírito com um motivo de odiar.
Estou pensando nos que vivem a vida
Na previsão do impossível
E nos que esperam o céu
Quando suas almas habitam exiladas o vale intransponível..."

Adalgisa Nery


Obs. Gentilmente furtado dos Restos Humanos
Te Adoro...

Foto: O Momento - Olhares.com

07 outubro 2007

I need...




Onde?

Estou aceitando presentes :-]

17 setembro 2007

Madrugadas devolvidas



Faz já algum tempo que perdi as madrugadas. Tinha-as guardadas numa caixa de madeira escura, sarapintada de pequenas chapinhas em bronze, arestas limadas e três palavras escritas, com a ponta dos dedos para que mais ninguém as lêsse, num canto da tampa: “madruga em mim”...

Estas palavras por alguma razão perderam-se por caminhos que desconheço. Procurei-as no outro dia nas gavetas, nas prateleiras mais altas, atrás dos livros e até mesmo no sótão, onde o pó esconde as memórias de uma forma tão densa que são normalmente esquecidas mesmo para não se voltarem a encontrar. Mas em todo o lado, nem sinal das três palavras, nem da caixa, nem de nada que se pudesse parecer com um gesto de passado ainda por recuperar. Encontrei um pequena chapinha de bronze, que vim a descobrir depois ser a capeça de um pequeno prego que colava duas partes de uma moldura, onde dentro havia uma fotografia de alguém que já me é desconhecido.

Mudei de casa, mudei de espaço, conheci gente nova, desatei elos antigos, recriei momentos novos e nunca chegou a passar por mim, nem uma sombra das inúmeras madrugadas que tinha outrora desenhado. Deixei de me lembrar do cheiro da urze e do rosmaninho, troquei-os pela carqueja e as folhas de eucalipto, desconheci o sabor do mar e a sua côr, ou até o fraco calor do sol, quando vermelho se deitava sobre o mar. Ainda me lembro, embora vagamente, da púrpura do céu, quando o sol nasce ainda antes da lua se deitar, mas perdi esse sentimento. Ri-me de já ter chorado, tive vergonha das horas passadas a fio, à espera daquele momento que parecia nunca chegar, em que o céu, o mar, os montes, a lua, a estrela vénus e o sol, se uniam por breves minutos, como se o dia acabasse e começasse mesmo alí, para todos os seres. E eu, era apenas mais um deles, pequenino no mundo, mas orgulhoso de ter a capacidade de o apreoveitar sem perder um segundo, sem perder um único pormenor daquela imensidão. Deixei de me lembrar de mim, do meu amor por mim...

E então a noite chegou de mansinho, sem eu me aperceber que o sol já estava para trás dos montes e dos rios, que se tinha feito ao desconhecido dando o seu lugar a uma lua esplendorosa sobre o Ceira. A fresca brisa que me ajeitava o cabelo acordou-me deste sonho profundo e um calor desconhecido inundou-me o corpo. A respiração estava presa, o coração batia como um tambor num festejo de equinócio, onde o povo dançando, não pensava na dor, não sentia o frio, não olhavam uns para os outros, porque nestas noites, sabemos que há só um ser... O sangue corria-me nas veias e eu sentia!

Os meus olhos fitavam o rio daqueles outros olhos, sem conseguir deixar de pensar de onde tinha nascido este gesto.

Estava preso e não sabia como me soltar. Via de cima o meu corpo flutuando, em direcção a tudo o que eu não queria naquele momento, por medo, por ansiedade, ou paixão. Mas tinha medo do que me seduzia, daquela voz que corria sobre as pedras redondas, sobre o musgo embalando os peixes, cultivando ventos, desvastando o vazio de que tanto me orgulhava.

Sem conseguir mover um dedo que fosse, sustendo a respiração para não afugentar aquela sensação de impotencia, tão doce, deixei-me levar, pelo canto de uma sereia, ninfa do rio, senhora que nos rouba a alma e me devolve as madrugadas.

Créditos: Madrugada em Mim

06 setembro 2007




Foto: Olhares.com

04 setembro 2007


Não abro mão de nenhum Amigo...







...mas ter uma Amiga assim não tem preço...

Bendito o dia em que eu te conheci... ...Te adoro!

Foto: Olhares.com

29 agosto 2007

3 Libras



"Threw you the obvious and you flew
with it on your back, a name in your recollection,
thrown down among a million same.
difficult not to feel a little bit disappointed
and passed over
when i've looked right through
to see you naked and oblivious
and you don't see me.
but i threw you the obvious
just to see if there's more behind the eyes
of a fallen angel,
the eyes of a tragedy.
here i am expecting just a little bit
too much from the wounded.
but i see through it all
and see you.
so i threw you the obvious
to see what occurs behind the eyes of a fallen angel,
eyes of a tragedy.
oh well. apparently nothing.
you don't see me.
you don't see me at all."

09 agosto 2007

O moleque é o capeeeta :)

Garoto de 8 anos mandando ver no Guitar Hero...
Sola brincando mais que muita gente que tenta solar de verdade hehe...


08 agosto 2007

Eu quero uma luminária dessas hehe...

Pessoas criativas são "fodas" mesmo. Bela idéia pra um abajur, sou capaz até de importar um destes quando for lançado :)


Criação e design de Lasse Klein

07 agosto 2007

Acabou o marasmo...

É, como diria uma pessoinha que eu adoro, acabou a "vadiagem malemolente" depois do expediente :)

Amanhã, ou melhor, hoje, começo minha Pós. O que isso quer dizer? Um ano e meio de ralação direto, inclusive aos sábados hehe. E com professores militares, imaginem hehe.

Aproveitando a deixa, abaixo vai a dica de um evento muito bom pra quem gosta de tecnologia, software livre, e nesse caso, principalmente pra quem curte uma das distros Linux mais tradicionais no mundo, o Debian.

The Machine is Us/ing Us

“Dica retirada do Truth Happens na Red Hat Magazine: Michael Wesch, professor assistente de Antropologia Cultural da Universidade do Texas, explora “o impacto das novas mídias na interação humana.” Ele também faz vídeos sensacionais.



Este é chamado “The Machine is Us/ing Us.” (em uma tradução livre: A máquina ’somos nós/nos utiliza’). Há outras coisas fantásticas em mediatedcultures.net.”

Obs: Post roubado do BR-Linux.org :-)

02 agosto 2007

Return To Serenity



Como é "ruim" sentir-se assim...

I'm so alone
My head's my home
And I feel...

06 julho 2007

Momento nostalgi-melancólico (se é que essa palavra existe)...



Adoro essa música... ...Steve Vai, For the love of God...

27 junho 2007

Gotan Project




"Videozinho" para dar uma idéia do que foi o show do Gotan Project na Concha Acústica, no último domingo dia 24/06. Simplesmente uma das melhores experiências musicais que já presenciei. Já conhecia o som deles faz um tempinho, mas nunca imaginaria assistir um show aqui em Brasília, ainda mais na base do 0800 :) . Pois é, ainda foi de graça, promovido pela embaixada da França. E perambulando pela rede ainda descobri que os shows em Sampa e no Rio é que foram de "improviso". O Gotan viria somente a Brasília, mas aproveitou pra fazer mais uns shows um SP, RJ e outros cantos da America Latina. Parabéns ao pessoal da embaixada da França, e ao Gotan pelo ótimo show.

Abaixo, uma pequena reportagem sobre o grupo, cujos créditos dedico ao Limbo pois não lembro de onde tirei isso :)

O conjunto, formado pelo francês Philippe Cohen Solal, pelo guitarrista Eduardo Makaroff, argentino radicado em Paris e pelo programador suiço Christoph Muller, traz ao Brasil a turnê de seu mais recente CD, “Lunático”.

O grupo vem ao Brasil a convite da Embaixada da França para apresentação na Festa da Música, na sua terceira edição em Brasília, e aproveita para fazer uma pequena turnê no Brasil e Argentina, passando por São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires.

O DJ francês Phillippe Cohen-Solal foi o fundador do grupo. Compositor, particularmente de house, se juntou ao suíço Christoph Müller, conhecido por suas programações eletrônicas sofisticadas. Em 1995 começam a trabalhar como produtores e engenheiros de som e criam a editora "Ya Basta!".

Em 1998, a dupla conheceu o guitarrista e cantor argentino Eduardo Makaroff, que vive na França desde 1990, e, como Cohen-Solal, tem um passado de compositor nas áreas de cinema e televisão. Em Paris, Makaroff é o chefe de orquestra do “Club Tango de la Coupole”.

Os dois primeiros singles lançados: “Vuelvo al sur” e “Capitalismo foraneo” viraram clássicosnas mãos de DJ’s europeus. Em seguida, a execução de “Tríptico” e “Santa Maria (del Buen Aire)” fizeram o trio a lançar, em 2001, o seu primeiro álbum "Revancha del tango", que vem com as produções originais do grupo e música folclórica argentina de todo tipo e não somente tango, além de remixes de DJ’s como Peter Kruder, Tom Middleton e High Priest, do Anti Pop Consortium.

Em "Lunático" são os mesmos, porém diferentes, como já anuncia o primeiro single do CD: “Diferente”. Neste CD o trio se inspirou no maior tangueiro de todos os tempos: Carlos Gardel. “Lunático” conta com o reforço do pianista Gustavo Beytelmann, músico argentino que vive em Paris há mais de 25 anos, que contribui com arranjos de cordas, violinos e violoncelos, gravado no místico estudio Ion, em Buenos Aires, resultando em um disco com vibrações acústicas de grande qualidade e contorno mais cinematográfico.

24 junho 2007

A solidão amiga...

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: "Como se comporta a Sua Solidão?" Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: "Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!"

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que "o inferno é o outro." Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

"Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz - ela me fala com ternura e felicidade!

Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.

Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos/poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar."

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, "certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa - garrafa, prato, facão - era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia."

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: "As obras de arte são de uma solidão infinita." É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

"...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília..."

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Rubem Alves

07 janeiro 2007













Morgan Scott Peck

À-toa pela rede, achei um trecho de um livro deste cidadão aí acima. Gostei muito, não o conhecia... Através do trecho encontrado achei essa "resenha" de um livro dele que me parece muito interessante.

No Brasil o livro se chama "A Trilha Menos Percorrida", M. Scott Peck

Transcrevo na íntegra o que encontrei em outro Blog :) . Está em português de Portugal...

Vai bem de encontro à minha linda de pensamento...

A vida é difícil. Eis a primeira frase do livro que inaugura a colecção XIS. Mais do que a primeira frase, a primeira grande verdade e, porventura, a maior de todas as certezas com que somos confrontados, dia após dia.A vida é difícil e ponto final. Scott Peck resume numa frase breve todo o conteúdo do seu livro e grande parte da nossa existência.Um dos erros mais comuns e, quem sabe, a fonte de todos os equívocos reside na não aceitação, à partida, de que a vida é difícil. Para não perpetuar o equívoco nem laborar sobre o erro, Scott Peck parte justamente desta realidade real e empenha-se em mostrar que podemos aprender a lidar com as dificuldades. E é este espírito construtivo que faz toda a diferença ao longo do livro.

Comecemos pelo princípio, citando o próprio autor:“ A maior parte das pessoas não vê inteiramente esta verdade de que a vida é difícil. Em vez disso, lamenta-se mais ou menos incessantemente, ruidosa ou subtilmente, da enormidade dos seus problemas, encargos e dificuldades, como se a vida fosse fácil de um modo geral, ou como se a vida devesse ser fácil”.Na realidade todos sabemos, por experiência própria, que não é fácil viver um dia atrás do outro. Como escreveu Pedro Paixão num dos seus livros, “Viver todos os dias, cansa”.E é porque cansa e porque não é fácil que “O Caminho Menos Percorrido” se revela um livro tão precioso. Porque não dando soluções nem apresentando fórmulas, enuncia pistas e oferece ajudas muito efectivas.
Essencial e intemporal, este best-seller atravessa gerações inteiras e cruza todas as idades, credos e condições sociais. Percebe-se o sucesso logo no início, quando Scott Peck esclarece algumas evidências que, por serem tão evidentes, nos passam despercebidas.Acontece-nos facilmente ignorar alguns problemas ou tentar contorná-los, sem os resolver. Fingir que não existem ou esperar que desapareçam é uma atitude demasiado comum e universal. Ora o que Scott Peck sublinha, de uma forma muito simples e directa, é que os problemas não desaparecem só porque os ignoramos. Muito pelo contrário, acentuam-se e eternizam-se.“É no processo de confrontação e resolução de problemas que a vida adquire significado (...) os problemas apelam à nossa coragem e sabedoria; na verdade, criam a nossa coragem e sabedoria. É unicamente devido aos problemas que crescemos mental e espiritualmente”.

Scott Peck tem a virtude de falar de coisas elementares de uma maneira muito clara e extraordinariamente simples. Seja na elaboração teórica ou na exemplificação, a partir da sua própria experiência de psiquiatra e terapeuta familiar, tudo n’O Caminho Menos Percorrido é inspirado e inspirador.Na realidade Scott Peck sabe que todos temos tendência para evitar a dor e o sofrimento e, neste capítulo particular, fala daquilo a que chama ‘procrastinar’ e se traduz por adiar:“Esta tendência para evitar os problemas e o sofrimento emocional que lhes é inerente é a base primária de toda a doença mental humana (...). Alguns de nós irão a extremos para evitar os problemas e o sofrimento que causam, ultrapassando tudo o que é claramente bom e aconselhável para encontrar uma saída fácil”.

O espectro de fantasias que criamos para evitar o sofrimento é quase infinito e, só para exemplificar, vai das tentativas mais ou menos conseguidas para permanecermos jovens a vida inteira, ao uso e abuso de drogas ou alcool, passando por todo um conjunto de escolhas e atitudes que criam a ilusão de que certos problemas não existem ou não são para ser levados a sério.Por tudo isto e porque todos temos ‘direito’ ao sofrimento (no sentido em que o sofrimento traz dor mas também traz em si a possibilidade de crescimento interior), Scott Peck declara que é importante aprender e ‘ensinar aos nossos filhos a necessidade do sofrimento e do seu valor, de enfrentar directamente os problemas e passar pela dor que acarretam’. Numa palavra, é preciso ensinar a disciplina. Só através da disciplina é possível deixar de adiar aquilo que nos faz sofrer.

No capítulo Disciplina e, depois, sobre o Amor, Scott Peck é de uma eloquência total. Apetece sublinhar tudo aquilo que diz e, em certas páginas, demorar e pensar com tempo aquilo que nos está a dizer.Quanto ao capítulo ‘desenvolvimento e religião’ pode revelar-se polémico e, até, pouco consensual. O importante, neste campo, é ler com abertura de espírito e valorizar aquilo que, para nós, tem mais valor. Aqui e ali Scott Peck compromete-se com uma linha espiritual que pode não ser a nossa e isso cria alguma resistência interior. Em todo o caso também nesta parte do livro o autor é corajoso e chama as coisas pelos nomes.

No último capítulo, a que chamou ‘a Graça’ Scott Peck enuncia vários exemplos e testemunhos de fé (num sentido abrangente e não estritamente como fé religiosa) na vida para provar que “o nosso desenvolvimento como seres humanos é assistido por outra força que não a nossa vontade consciente”. E é por ser tão abrangente, tão actual e tão incisivo em todos os temas que aborda, que ficou muito claro para nós que Scott Peck seria o autor ideal para inaugurar uma colecção XIS, composta de bons livros para pensar.O autor e o livroPsiquiatra norte americano, formado em Harvard e Case Western Reserve, Scott Peck ocupou vários cargos administrativos no governo americano e fez clínica privada de psiquiatria. Vive no estado de Connecticut e, actualmente, sofre de cancro estando, por isso, mais retirado e indisponível para dar entrevistas.Publicou O Caminho Menos Percorrido há 25 anos e, desde o ano de 1978 O caminho Menos Percorrido tem sido um livro de passa-palavra, que começou por vender algumas dezenas e, neste momento, vende milhões. O autor reconhece que “foi um sucesso principalmente por ser um livro do seu tempo” mas talvez a melhor definição passe por esclarecer que o próprio Scott Peck foi um homem capaz de ler e interpretar os sinais dos tempos.Apesar do sucesso e dos embaraços da fama, o autor atravessou décadas inteiras sem abrir mão daquilo que, para ele, sempre foi essencial e se resume a ter tempo para a família, para os amigos, para os ‘seus’ doentes e para si mesmo. Casado, pai de filhos e avô de netos, Scott Peck soube sempre preservar a sua intimidade e resguardar aqueles que lhe eram mais queridos.Sobre o livro, escreveu que “não é perfeito” e admite que é “totalmente responsável pelas suas imperfeições”. Uma vez que se trata de um livro que ajuda a pensar mais e melhores maneiras de viver a vida, também ajuda saber que o autor não se acha perfeito. Nem sequer o facto de ser um especialista particularmente dotado no tratamento e acompanhamento dos doentes e ter talento de sobra para traduzir por palavras simples a complexidade da psiquiatria e psicologia, lhe deram a ilusão de ser perfeito. Que alívio.

...créditos ao Blog "Ego Descentrico" de Pedro Santiago, Lisboa-PT.