02 agosto 2006


Tampando o Sol com a peneira...

Em mais uma noite de “jogatina” com a namorada e os amigos, depois de alguns goles e uns minutos de discussão sobre o jogo em si, acabamos entrando no assunto “relacionamentos”. E claro, os questionamentos cujas respostas são extremamente pessoais e variam absurdamente de acordo com o modo como as pessoas levam a vida apareceram, e óbvio que isso gerou outra “discussão” :)

É interessante como muitas pessoas preferem fingir que certas coisas não existem ao invés de encarar o “bicho” de frente e tentar aprender sobre si com as verdades da vida.
Tenho um modo de ver a vida um tanto particular e sei que mesmo hoje em dia, vivendo nessa “sociedade moderna” (mais na teoria do que na prática), muitos também discordam de mim. Mas a questão é que algumas coisas são inevitáveis. Todos seremos “traídos” um dia; não existe o homem que não sente atração por outras mulheres (por mais que ele ame a sua companheira); não, nem sempre traições são manifestações de pura falta de respeito\consideração pela outra parte (algumas coisas “simplesmente” acontecem, e não estou sendo machista, pois advogo pelos dois lados da moeda); sim, é possível um homem passar a vida inteira traindo a sua mulher e mesmo assim amá-la de verdade; não, não são só os homens que traem com facilidade. A lista é grande. O que me chama mais atenção é que a verdade está aí pra quem quiser ver, mas muitos preferem tampar o sol com a peneira. Ou melhor dizendo, intuitivamente, induzidos por falsos ou distorcidos valores, acabam tentando enganar a si mesmos.

Estamos cansados de ver pessoas vivendo relacionamentos turbulentos por motivos que todos estão cansados de saber que podem ser evitados. Coisas até simples, onde uma conversa poderia evitar uma grande discussão. Aliás, conversar é uma das palavras chave, pena que nem todos estão abertos a uma boa conversa. Um dia desses, por exemplo, uma amiga estava comentando que, por mais que ela entenda, ela não suportaria ouvir de seu namorado quais outras mulheres lhe chamam atenção. Normal, poucos gostariam de ouvir esse tipo de coisa, mas uma vez que o casal se entende a situação é muito mais facilmente contornada. A minha namorada, por exemplo, “adora” perguntar e saber por quais mulheres eu tenho ou teria uma “queda”. Mas o nosso caso é mais simples (ao menos pra nós), pois alem de saber por quem eu tenho algum interesse maior, ela me conhece muito bem e sabe que o que sinto por ela é maior do que esse interesse superficial por outras, sabe que ao meu modo de ver as coisas um relacionamento não se baseia somente em gostar um do outro e todas aquelas outras coisas que caracterizam um relacionamento, mas também é uma questão de opção. Nos conhecemos muito bem, conversamos bastante e raramente discutimos, e esse auto-conhecimento aliado ao conhecimento um do outro, juntamente com o fato de não gostarmos de tampar o sol com peneira, é que faz com que tenhamos um bom relacionamento. Se temos algum problema nós conversamos e achamos uma solução que agrade aos dois, ou não, mas o importante é que optamos pela verdade, seja ela qual for. Eu a amo e optei por estar com ela até hoje por uma série de motivos, os mesmos motivos que fizeram com que eu me apaixonasse por ela. Também sabemos que, por uma série de outros motivos, ainda vamos nos separar, mesmo que voltemos a ficar juntos no futuro, ou não. Mas essa nossa cumplicidade, sinceridade, amizade, esse amor, nos deu um relacionamento maravilhoso. Onde evoluímos e aprendemos muito um sobre o outro, sobre nós mesmos e sobre a vida. E graças a isso sabemos que mesmo depois de um dia terminado o namoro (se isso realmente acontecer) poderemos sempre contar um com o outro pois o nosso relacionamento ultrapassa os limites comumente impostos pelos mesmos falsos valores citados no início do texto.

Eu particularmente prefiro evitar me enganar ao máximo. Não só em relacionamentos amorosos mas em tudo na vida, a verdade pode até doer, mas evita maiores problemas. Adoro minha namorada, nosso relacionamento muito bem conversado. Adoro meus amigos e nossa amizade “sem meias palavras”. E adoro a vida como ela é, pura e simples. Nada está errado no universo, tudo está perfeito como está.